27 de fevereiro de 2020

Mudança estratégica, resultados e perspectivas no marco dos 30 anos de atuação do Instituto Alcoa

Fausto Cruz, presidente da instituição, reflete sobre avanços, desafios e oportunidades para no próximo período.

FaustoO ano de 2020 marca os 30º aniversário do Instituto Alcoa (IA) ao mesmo tempo em que promete ser um período decisivo para desafios complexos da agenda pública como a busca por qualidade na Educação Básica e maior oferta de oportunidades de trabalho e renda para a população.

Na perspectiva de convergir esforços e buscar um impacto mais significativo – com ações ainda mais alinhadas às políticas públicas e às agendas globais –, no ano passado, o Instituto implementou sua nova estratégia, fruto de um amplo processo de diagnóstico e planejamento realizado em 2018 a partir da escuta ativa e colaborativa com mais de 120 stakeholders.

Na entrevista a seguir, Fausto Cruz, presidente do Instituto Alcoa, avalia os primeiros resultados da mudança e reflete sobre a atuação do Instituto Alcoa em 2020. Confira.

Como você avalia a importância e os resultados do trabalho desenvolvido pelo IA em 2019 frente à mudança estratégica empreendida e concretizada ao longo do ano?

Avalio de forma muito positiva. Os territórios em que a Alcoa está presente receberam de braços abertos as novas diretrizes. O time do Instituto foi muito competente na comunicação dos principais objetivos ligados a essa mudança, o que fez com que as comunidades entendessem nossa visão de convergência de recursos e esforços para a promoção de um impacto social maior e mais efetivo na qualidade de vida das pessoas por meio do foco nas áreas de educação, geração de trabalho e renda e engajamento da sociedade civil. Tanto é assim que já no primeiro ano de implementação da nova estratégia conseguimos enquadrar todos os projetos selecionados pelo edital do Programa de Apoio a Projetos Locais nas duas áreas estratégicas (educação e geração de trabalho e renda) sem ter que abrir exceção a projetos em outras áreas por falta de propostas.

2020 começa com uma grande reformulação do Programa ECOA, a principal iniciativa do Instituto na agenda de educação, uma mudança que reflete o redirecionamento estratégico promovido pelo IA nessa agenda no último ano. Fale sobre as expectativas para essa nova etapa do Programa e como essa iniciativa dialoga com um ano tão estratégico para a Educação Básica, levando em conta temas como prazo do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e desafios relacionados ao alcance das metas do Plano Nacional de Educação (PNE).

O ECOA é um programa que teve muito destaque desde o início. Ele nasceu com foco em educação ambiental, mas foi ganhando força e uma dimensão maior que o desenho inicial. A decisão de reformulá-lo após o amplo processo de diagnóstico que realizamos em 2018 reflete os desafios atuais da educação brasileira. Quando olhamos para o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], com foco no ensino de Português e Matemática no Ensino Fundamental nas localidades em que atuamos, percebemos uma deficiência muito grande, com índices abaixo da média nacional e dos estados, principalmente nos municípios de Juruti (PA) e São Luís (MA). Por isso decidimos dar mais ênfase nessas duas disciplinas nessa etapa da Educação Básica. Pensando em ampliar o escopo de públicos do programa, outra mudança foi pensar a frente de gestão. Enquanto a frente de formação vai apoiar os professores das redes de ensino, a frente de gestão vai capacitar as equipes técnicas das secretarias municipais de educação e os gestores escolares. Nossa intenção com isso é criar multiplicadores que possam ampliar a capilaridade do programa. Nosso grande desafio é fazer isso em ano de eleições municipais, ao mesmo tempo em que é uma oportunidade de fazer com que o programa seja implementado como uma agenda permanente que transcende partidos e mandatos políticos.

Qual tem sido a importância do trabalho de engajamento e mobilização comunitária e do papel das equipes locais para o sucesso das ações e programas desenvolvidos pelo IA nos territórios?

Nada disso seria possível sem o comprometimento dessas pessoas. Elas estiveram conosco durante todo o processo de reformulação da nova estratégia, participando de diversas reuniões contribuindo sempre com os saberes locais. Ninguém melhor do que uma pessoa que vive nesses territórios para ajustar o direcionamento da leitura dos desafios que são próprios daquela localidade. Nesse sentido, a participação dessas equipes tem sido fundamental. Elas são nossa linha de frente com as comunidades. Só tenho a agradecer a todos e todas que fazem parte dessa construção cotidiana.

2020 é um grande ano para o Instituto Alcoa, já que marca 30 anos de sua história. Que expectativas estão no horizonte dessa agenda e que ações estão previstas para esse marco?

Essa data marca a capacidade brilhante que os líderes do passado tiveram de perceber que no Brasil precisávamos de um acompanhamento mais próximo das localidades. Temos questões sociais importantes que precisam ser levadas em consideração e dependemos das comunidades tanto quanto ou mais do que elas dependem da empresa. Trata-se de uma relação de ganha-ganha, mas que depende da disponibilidade das pessoas, que elas nos dêem licença para operar, afinal de contas, estamos modificando a vida dessas pessoas, portanto, elas precisam ser respeitadas e ouvidas. Então, a decisão tomada 30 anos atrás de ter um instituto, além das contribuições da Alcoa Foundation, para tratar dos problemas específicos do Brasil foi uma decisão importante. E esse ano é o momento de celebrar isso. A ideia é que durante o ano façamos algumas celebrações nas localidades trazendo parceiros e mobilizando mais pessoas para nossas causas.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) têm orientado o trabalho de institutos, fundações e empresas e o IA também atua alinhado a essa agenda internacional tão relevante. Como você avalia os desafios inerentes à agenda dos ODS frente aos dez anos de seu prazo e como o IA tem pensado sua atuação frente a esses desafios?

Nos alinhar aos ODS foi uma decisão inteligente porque podemos falar uma língua comum com as comunidades, além de não ser o Instituto Alcoa falando algo desconexo da realidade. Por outro lado, temos recursos e uma atuação limitada frente aos desafios globais complexos pautados por essa agenda da ONU [Organização das Nações Unidas], então, é importante nos posicionarmos dentro da realidade para contribuir com ações que poderão ser medidas posteriormente por essa agenda global. Daí também a importância de trabalhar junto com a gestão pública e fazer parte de uma onda de ações que têm potencial para impactar positivamente a vida das pessoas. Frente à complexidade dos objetivos e dos desafios, temos a oportunidade de atuar em lugares específicos. Não conseguimos atuar com a Educação Básica no país todo, mas em Juruti, Poços de Caldas e São Luís, três localidades  com demandas distintas. Portanto, se por um lado, nossa atuação é limitada aos nossos territórios de atuação, por outro, temos a vantagem de focar esforços e recursos para fazer a diferença.

Sendo a geração de trabalho e renda uma das agendas prioritárias do IA, como você avalia o avanço dessa pauta no desenvolvimento dos territórios relacionado à diminuição das desigualdades?

Nessa agenda temos a oportunidade de mirar o investimento de forma ainda mais precisa. O recurso é direcionado e pautado pelas próprias comunidades por meio do Programa de Apoio a Projetos Locais, por exemplo. É a própria comunidade dizendo onde eles enxergam que uma ajuda nossa vai propiciar aumento de trabalho e renda de forma mais efetiva. Assim, podemos ajudar diretamente, no curto prazo. Temos também outras iniciativas, como os programas desenvolvidos em parceria com a Junior Achievement. E é muito gostoso ver os resultados e a capacidade de atuação desses projetos.

O voluntariado tem sido uma das marcas do trabalho do Instituto Alcoa ao longo de sua trajetória. Em 2019, cerca de 700 voluntários se engajaram em 30 ACTIONs e seis iniciativas da parceria com a Junior Achievement. Como você avalia o papel desse elemento na estratégia de atuação do IA?

Ao longo dos últimos 30 anos pudemos apoiar milhares de famílias envolvendo voluntários de uma forma diferenciada. O nível de engajamento dos voluntários da Alcoa nos enche de orgulho. Sem essas pessoas não faríamos tantas ações. As próprias equipes de Relações Comunitárias nas plantas contam com voluntários para a gestão dos projetos, além dos ACTIONs e outras ações realizadas durante o ano. E não só o voluntário que ajuda na realização dessas ações, mas também aquele que dedica parte de seu tempo discutindo e organizando as atividades. Tenho uma grande gratidão por esses alcoanos que fazem a diferença nas nossas comunidades.

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