31 de janeiro de 2022

Programa Ecoa adaptou sua atuação para apoiar secretarias de educação durante pandemia

Evasão escolar, conectividade, busca ativa e acolhimento são alguns dos temas em alta na educação às vésperas do início do novo ano letivo.  

 

Ecoa 01
Historicamente, educação é a área mais escolhida por representantes do investimento social privado (ISP) brasileiro. O campo é um dos pilares da atuação do Instituto Alcoa, que considera a educação um fator central para o desenvolvimento do país e a diminuição das desigualdades.

Diretamente conectado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4, que prega a garantia de uma educação de qualidade para todos, com a valorização das potencialidades dos estudantes, o IA desenvolveu o Programa Ecoa, que, a partir de 2020, foi reformulado e passou a atuar nas frentes Ecoa Gestão e Ecoa Formação. 

Havia a necessidade de ampliar o alcance do programa. E, para que isso acontecesse, era fundamental que as ações fossem realizadas a partir da parceria com as Secretarias Municipais de Educação. Assim, seria possível expandir a capilaridade da iniciativa, priorizando as necessidades das redes de ensino”, explica Monica Espadaro, gerente de projetos comunitários do Instituto Alcoa. 

Desafios amplificados pela pandemia 

Se antes de 2020, desafios como melhoria da qualidade da educação ofertada, acesso e gestão já eram tangíveis, a pandemia de Covid-19 trouxe novos obstáculos para que crianças e jovens tenham uma formação adequada. 

“Esse período de pandemia nos forçou a perceber que os principais problemas que enfrentamos já estavam presentes antes dela. A despeito de todos os seus efeitos negativos, ela nos forçou a reconhecer e encarar esses problemas e, principalmente, nos permitiu perceber que somos capazes de enfrentá-los”, comenta Mauro Zanin, coordenador institucional da Interação Urbana, organização parceira na implementação do Ecoa Gestão. 

Um dos principais desafios em 2022 será a evasão escolar. Segundo o relatório Cenário da Exclusão Escolar no Brasil, lançado em 2021 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 5 milhões de crianças e jovens de 6 a 17 anos não tiveram acesso à educação em 2020. “Desses 5 milhões, 40% foram crianças de 6 a 10 anos, faixa etária em que a educação já estava quase universalizada antes da pandemia”, aponta Monica. 

A evasão escolar tem diversas motivações, mas uma delas é a perda ou enfraquecimento do vínculo entre os estudantes e as escolas e redes de ensino. Além disso, outras questões e desafios foram pauta para a educação em 2020 e 2021, como:

- fechamento das escolas; 

- adaptação da equipe gestora ao trabalho online; 

- estruturação de um novo planejamento com cenário de pandemia; 

- auxílio às secretarias de educação no trabalho remoto; 

- falta de conectividade e tecnologia, que produziram diferenças de acesso por parte dos estudantes aos conteúdos online; 

- baixa conectividade das escolas; 

- falta de formação dos professores para o uso das tecnologias; 

- sobrecarga emocional e questões de saúde mental de professores, alunos e equipes escolares; 

- sobrecarga de trabalho para educadores; 

- evasão escolar. 

Ecoa 2Adaptação

Monica conta que quando as atividades do novo modelo do Ecoa estavam começando a ser implementadas nos municípios onde o Instituto Alcoa atua, houve o fechamento das escolas e a adoção de regras de distanciamento social. Diante desse cenário, o programa foi adaptado de acordo com as novas demandas e necessidades. 

“O programa precisou ser flexível para respeitar o momento, ouvir as demandas que vieram das secretarias, adaptar-se para o formato virtual e construir junto com as equipes de ensino um novo planejamento das ações. No início de 2021, houve mudança da equipe gestora em duas cidades. Assim, foi necessário construir um novo relacionamento e desenhar uma proposta de trabalho em conjunto para iniciar um novo ciclo e potencializar o que já havia sido iniciado.”

Romualdo Oliveira, diretor de Pesquisa e Avaliação do Cenpec, organização parceira de realização e implementação do Programa Ecoa Formação, também aponta que, com o Ecoa, o Instituto Alcoa teve um papel importante em dialogar com as secretarias de educação para pensar o conjunto de ações, tanto no momento remoto, quanto durante a transição para o retorno presencial. 

“Tudo isso passa por atividades de planejamento junto com os órgãos de gestão e de atividades com as escolas para instrumentalizá-las. O conjunto das atividades do Ecoa Formação teve como objetivo esse empoderamento das escolas e das redes municipais para enfrentar esses problemas”, explica. 

Por sua vez, representantes da Interação Urbana* comentam que o Ecoa Gestão atuou junto às secretarias de educação na estruturação de um novo planejamento de acordo com o novo cenário, ou seja, prevendo as atividades remotas, não presenciais, híbridas e planos de retorno e acolhimento dos alunos e profissionais da educação. 

“A frente de Gestão também contribuiu para a afirmação da figura do gestor e do coordenador diante desse cenário e suas atribuições e contribuições para que a escola se mantivesse viva mesmo em meio a tantos desafios. Além disso, propôs a consolidação do planejamento estratégico como instrumento de gestão e adaptação do projeto político pedagógico [PPP] como caminho para reafirmar a função e a identidade de cada escola na promoção da aprendizagem”, explica Mauro Zanin.

Próximos passos 

Para o próximo período, será necessário observar a realidade enfrentada em cada localidade e, a partir das principais demandas, elaborar planos de ação. Entretanto, Monica, Romualdo e os representantes da Interação Urbana apontam algumas tendências e iniciativas comuns que provavelmente acontecerão em 2022. São elas: 

- realizar busca ativa: criar condições para que crianças e jovens que estão fora da escola voltem a frequentá-la; 

- promover acolhimento dos estudantes que retornaram à escola, enfrentando os desafios que fizeram com que a criança ou jovem se afastasse do sistema educacional; 

- programar atividades que considerem que houve prejuízo na aprendizagem, de acordo com a realidade de cada estudante (diferentes acessos a conectividade e equipamentos, por exemplo, para realização das atividades remotas); 

- refletir sobre currículos, que deverão abarcar objetos de conhecimento e habilidades dos anos anteriores; 

- personalizar o ensino; 

- promover equidade na gestão da escola e das redes escolares e, consequentemente, nas salas de aulas; 

- pensar e organizar o retorno presencial à escola de maneira alinhada às demandas do dia a dia das escolas; 

- organizar recursos para acompanhamento e avaliação das aprendizagens dos alunos; 

- garantir o uso do planejamento estratégico e seu monitoramento. 

“O Programa Ecoa continuará dando apoio às equipes técnicas das Secretarias de Educação e às escolas, respeitando suas características e distintas realidades. Trabalharemos para que alunos e alunas tenham acesso a uma educação de qualidade, equitativa e que reduza as desigualdades, permitindo uma trajetória escolar de sucesso e desenvolvimento”, completa Monica. 



*Representando a Interação Urbana, participaram dessa reportagem: Mauro Zanin,  coordenador institucional; Marcos Tamai, coordenador técnico planejamento estratégico; 

Patrícia Cândido, coordenadora técnica; Adilson Dalben, Isabele Veronese e Rosangela Lara, consultores pedagógicos.