29 de abril de 2022

Sociedade civil possui grande potencial para a transformação do país, afirma especialista

Jessica Guedes, da Agenda Pública, defende o engajamento de todos os setores da sociedade para o país avançar no cumprimento dos ODS. Alinhado ao ODS 4, o Programa Ecoa, do IA, apoiará, neste ano, 107 escolas públicas em três territórios.

Foto radar escola

Estudos recentes mostram que, apesar de alguns avanços, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, estabelecida pela Assembleia-Geral das Nações Unidas há sete anos. Segundo o Relatório Luz 2021, das 169 metas estabelecidas, 54,4% estão em retrocesso, 16% estagnadas, 12,4% ameaçadas e 7,7% com progresso insuficiente. 

Os indicadores da Agenda 2030, assinada pelo Brasil, incluem a erradicação da pobreza e da fome, educação de qualidade, trabalho decente e crescimento econômico, água potável e saneamento básico, igualdade de gênero e adoção de medidas para combater as mudanças climáticas.

“É necessário o engajamento de todos os setores da sociedade para reafirmar o compromisso com essa agenda pelo país,para que possamos ter condições de superar os desafios atuais”, sublinha Jessica Guedes, assistente de projetos e advocacy da Agenda Pública.

A especialista completa que as pessoas que assumirem mandatos públicos no próximo ano terão um grande trabalho pela frente. “Se tiverem os ODS como norte, terão mais chances de construir um futuro melhor para o Brasil.”

Uma gestão pública conectada aos ODS, como defende Jessica, é essencial para o país e à população, mas não é a única ferramenta. Segundo Camila Escudeiro, em artigo para o GIFE, o terceiro setor ocupa posição estratégica na concretização da Agenda 2030. 

“Se, no passado, a sociedade civil se organizava a partir de questões humanistas envolvendo solidariedade, voluntarismo e ajuda ao próximo, liberdade e autonomia, hoje a realidade é muito mais abrangente. A própria diversificação e atuação das organizações não-governamentais (ONGs), organizações da sociedade civil (OSCs), instituições sem fins lucrativos, entre outros termos, se transformaram na medida em que ocorreram a profusão e o fortalecimento dessas instituições, assim como suas relações com os demais atores da esfera pública foram intensificadas”, analisa. 

Como se dá essa transformação?

O Observatório do Terceiro Setor analisou cada um dos ODS e elencou as principais problemáticas de cada área. Uma das importantes tarefas dessas instituições, bem como de demais setores da sociedade, é a de fiscalizar o cumprimento dos objetivos, já que, antes mesmo do estabelecimento dos ODS, as OSCs atuam para solucionar ou, ao menos, minimizar os inúmeros desafios encontrados no caminho do povo brasileiro.

“Isso significa dizer que, para além da atuação governamental e do setor privado, essas entidades têm em mãos a possibilidade de impactar de forma positiva a sociedade em temas prioritários como saúde, educação e redução de desigualdades. E os ODS representam justamente os maiores desafios e apontam o caminho a seguir para que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária”, aponta Jessica. 

A integrante da Agenda Pública enfatiza que as OSCs possuem um grande potencial de transformação, considerando sua capacidade de influenciar a agenda governamental, realização de projetos com foco em temas de interesse público e estar presentes do Norte a Sul do país, atuando com as mais diversas pautas. 

Apoio à educação 

Com a pandemia de Covid-19, a evasão escolar se tornou um dos, senão o principal desafio educacional para o Brasil. Ações como a busca ativa para trazer os alunos de volta para a sala de aula têm sido aliadas importantes dos gestores. 

Conectado com o ODS 4, cujo objetivo é a garantia de uma educação de qualidade para todos e que valorize as potencialidades dos estudantes, o Programa Ecoa, do Instituto Alcoa, atua nas frentes Ecoa Gestão e Ecoa Formação. Com a pandemia, a iniciativa precisou ser adaptada para apoiar ainda mais as secretarias de educação das localidades onde atua: Juruti (PA), Poços de Caldas (MG) e São Luís (MA).

“Havia a necessidade de ampliar o alcance do programa. E, para que isso acontecesse, era fundamental que as ações fossem realizadas a partir da parceria com as Secretarias Municipais de Educação. Assim, seria possível expandir a capilaridade da iniciativa, priorizando as necessidades das redes de ensino”, explica Monica Espadaro, gerente de projetos comunitários do Instituto Alcoa.

Neste ano, o Ecoa beneficiará 107 escolas públicas presentes nos três territórios. Para a gerente, o projeto é de suma importância no apoio ao desenvolvimento de novos saberes, práticas e o melhor uso dos recursos destinados à educação.

Além do Programa Ecoa, neste ano, um dos objetivos da Alcoa é fortalecer as ações de voluntariado e o Programa de Apoio a Projetos Locais. Muitas ações têm beneficiado instituições públicas de ensino nas localidades de atuação do Instituto.

“Com o valor que fomos contemplados, estamos investindo na melhoria da estrutura física de nossa escola, como a compra de mesas e cadeiras para a sala de leitura e de prateleiras para a sala de 1º ao 5º ano do ensino fundamental”, explica a pedagoga  Cristiane Rodrigues Tavares, da Escola Professora Lígia Meireles da Cunha, em Juruti.

Ações como a desenvolvida na escola paraense fazem a diferença no aprendizado dos estudantes. O  Censo GIFE 2020mostra que a educação segue como área prioritária para o investimento social privado (ISP). Segundo a publicação, 76% dos respondentes do Censo atuam na temática, seja desenvolvendo projetos próprios ou apoiando ações de terceiros.